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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Inversão de prioridade

Muito comum entre os meios protestantes a “teologia da prosperidade” tem sido também adotada por católicos desavisados que associam as graças e bençãos de Deus ao montante das contas bancárias ou à ausência de sofrimentos. Pode-se ser rico e não agradar a Deus (cf. Mt 19, 24. Mc 10, 17-27. e Lc 18, 25.), como também ter posses e sendo desapegado desses bens terrenos agradar a Deus. Por outro lado uma pessoa pobre que cumpre os preceitos divinos é agradável aos olhos de Deus, enquanto a pessoa pobre que é revoltada com Ele por sua condição descumpre Seu projeto endereçado aos seus filhos. Desconsiderar tais possibilidades é desconsiderar a realidade mesma da salvação.
Se a vertente que prioriza os benefícios econômicos erra, também erra a vertente que valoriza em demasia a pobreza econômica, considerando-a um critério de santidade superior. A proposta da TdL (Teologia da Libertação) exemplifica esse tipo de raciocínio equivocado como diz Fr. Dr. Clodovis Boff (cf. o artigo “Teologia da Libertação e volta ao fundamento”[1]) por promover a inversão Jesus – pobre centralizando a figura deste.
Ambos os erros partem de um núcleo comum que é a visão materialista[2] do mundo, notadamente priorizando a análise sócio-econômica do ser humano. A preocupação cristã como se sabe é primeiramente com a salvação da pessoa independentemente de sua condição econômica, afinal todos são chamados a se converter. Se Jesus se dirigiu sobremaneira aos pobres, que eram os mais sofridos era porque estes necessitavam mais e estavam mais desamparados, inclusive do ponto de vista religioso, e, por isso, aproximavam-se mais de Jesus e por Ele recebiam a cura. No entanto, existem relatos evangélicos que nos mostram que Jesus não fazia acepção  sociais (cf. Mt 8, 5-13).
A preocupação primeira da Igreja é com a observância da Palavra de Deus e a proclamação da Boa Nova aos povos, mas como vemos nos relatos das primeiras comunidades cristãs os assuntos práticos também têm importância:

1.Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição diária.2.Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus, para administrar.3.Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício.4.Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra. 5.Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.6.Apresentaram-nos aos apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos.7.Divulgou-se sempre mais a palavra de Deus. Multiplicava-se consideravelmente o número dos discípulos em Jerusalém. Também grande número de sacerdotes aderia à fé. (At 6, 1-7 – Edição Ave Maria) Disponível em: http://www.bibliacatolica.com.br/01/51/6.php#ixzz1nKAgVWLq

Percebe-se que mesmo não sendo principal há uma preocupação econômica, no sentido clássico do termo, e social por parte dos apóstolos. Existe, pois uma relação hierárquica entre as duas dimensões sagrada e temporal. O problema das “teologias” mencionadas no início deste texto não é portanto sua preocupação com as questões temporais, mas com a centralização dessas frente às prioridades da Igreja em relação à salvação por meio dos sacramentos e da preservação da moral cristã, bem como da guarda das prescrições da Tradição, do Magistério e das Sagradas Escrituras. Toda inversão de prioridade é perniciosa e prejudica a retidão católica.
Lino Batista


[1] Apesar de não tão incisivo o artigo demonstra alguns erros presentes no decorrer das análises dos teólogos da TdL Ele está disponível em: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=33508.
[2] Por mais que se difundam em tendências “espiritualistas” os erros mencionados ainda se fundam numa visão dualista do ser humano  e recaem em perigosos monismo como desenvolvi em postagens anteriores.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Pensamento avulso VIII

Uma questão de prioridade: enquanto o caos se instaura na Bahia devido à greve dos policiais militares não se fala em outra coisa a não ser no Carnaval. Se o cidadão não pode sequer trabalhar por causa da violência, pelo menos pode ir pra folia, afinal é essa festa toda que sustenta este país...