Eis
a narração de um fato ocorrido há algumas semanas: Era quase nove
horas da manhã e eu já tinha terminado uma aula, boa por sinal,
quando entra um senhor na sala dos professores falando alto e
entregando seus panfletos. Por quase dez minutos fez sua pregação.
Falou do suposto golpe, das reformas que iriam acabar com o 13º, com
as férias, com a aposentadoria, com todos os direitos. Bradou tudo
isso com um sorriso de quem supõe a adesão da plateia ou, quem sabe
em sua mente, de seus fiéis. Até que um professor levanta a mão e
diz: "o senhor está equivocado, pois o 13º é um direito
adquirido e não consta no texto da reforma suprimi-lo". Nesse
momento como dizemos no interior "o tempo fechou", não,
não houve agressão, mas o semblante do sindicalista mudou.
Iniciou-se o festival de jargões em que o sindicalista chamou o
professor de mentiroso e de defensor do patronato, mas sem respeito
algum ao professor que com muita calma havia feito a observação.
Então
eu que vinha rezando pedindo paciência não aguentei e disse, com
muita firmeza por sinal, que o sindicato e ele com seu discurso
espalhavam inverdades a fim de reforçar suas posições políticas
ideológicas e se havia discordância quanto às reformas, o que eu
também tenho, deveríamos debater as propostas como são e não
criando um espantalho, falseando a realidade. E qual foi a resposta:
"Golpistas não passarão, defensor patronal, abra sua mente,
você não vai se aposentar, zzz...". Impacientemente tentei
quebrar essa sequência de jargões e o “pastor do sindicato” foi
pro um campo ainda pior para ele dizendo mais ou menos nesses termos:
"leia Marx". Respondi então que já havia lido tendo
inclusive apresentado um texto num congresso internacional a respeito
dele. Só que não fiquei restrito a essa leitura e busquei entender
outras escolas, outros filósofos e economistas e fomos a Hayek.
Perguntei se ele tinha ligo algo a respeito e ele disse que sim.
Perguntei qual texto e ele não se lembrava. Perguntei se ele se
lembrava de alguma ideia dele e eles disse que não. Perguntei sobre
outros economistas da escola austríaca e silêncio... Silêncio que
explica tanta gritaria...