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sábado, 4 de março de 2023

A morte da verdade

Quando digo que a grande mídia não se pauta pela verdade objetiva, não o faço no sentido de pronunciar um xingamento ou mesmo num tom de crítica, mas de uma constatação. Isso ocorre porque predomina na mentalidade jornalística contemporânea aquela frase famosa de Nietzsche: “Não existem fatos, apenas interpretações”.

Com o predomínio dessa visão de mundo impõe-se um jogo de poder onde a narrativa mais forte e convincente se sobrepõe à verdade, afinal aquela relação de adequação da nossa inteligência à coisa observada parece ter ficado para trás. A quem não acompanha o debate filosófico podemos apresentar o seguinte resumo de como a situação está: a verdade não existe, o que existe são visões e perspectivas pessoais ou coletivas não importando o que é, mas o que parece.

 Entendendo esse processo histórico certas práticas atuais do jornalismo ficam mais claras e algumas palavras-chave como “poder” e “narrativa” nos permitem ter mais clareza daquilo que se passa ao nosso redor. Vamos a um exemplo: a gasolina. Em 2021 uma sequência de aumentos levou a críticas infindáveis ao governo da época, um governo ouvíamos dizer, que não se preocupava com o povo e principalmente com o pobre que dependia do carro, da moto, do ônibus.

Hoje estamos às vésperas de uma retomada da cobrança de impostos federais e consequente haverá aumento de combustível. E o que temos escutado de uma parcela considerável da imprensa? Que carro é coisa de rico ou de no máximo classe média e que a retomada da cobrança de impostos beneficiará o governo e a economia. Alguém poderia dizer se tratar do velho “dois pesos e duas medidas”, mas não é só isso, Como eu disse a chave é entender que não se trata de duas posições jornalísticas acerca de dois fatos ainda que parecidos, mas de duas narrativas permeadas da vontade de, no primeiro caso, confrontar um poder instituído, e de no segundo caso, justificar outro poder mais afim à visão de mundo da chamada “grande mídia”.

Frente a esse quadro não adianta muito denunciar hipocrisias ou recorrer a coerências lógicas, afinal se o fato não é impositivo, menos ainda será a sua exposição clarividente. Essa sentença pode soar pessimista ou imobilizante, mas seu valor não está na ação imediata, mas em nos trazer um pouco do que mais precisamos no momento: sanidade intelectual. Podemos agora não alcançar os meios de ação, mas nos achegamos à possibilidade da verdade, o que significa liberdade. E só a verdadeira liberdade, para o Bem, pode servir de parâmetro a boas ações. Busquemos com afinco a verdade e só assim seremos livres.


quinta-feira, 2 de março de 2023

Sobre as têmporas

A Igreja, mãe e mestra instituiu os jejuns das quatro têmporas. Um período de jejuns que acompanha o ciclo das estações do ano. Desse modo, há quatro têmporas por ano. O Doutor Angélico, S. Tomás de Aquino, destaca o fato de "caberem" três meses numa têmpora, o que acompanha as três ordens sacras.

É um período de jejum e penitência que segue o exemplo de Nosso Senhor, que antes de alguma mudança significativa sempre se punha em jejum e oração. 

Representa o senhorio de Deus sobre a criação nos relembrando de que há tempo para tudo e que nós fazemos parte dessa criação nos conformando aos desígnios de Deus expressos na natureza.

Lembra-nos também da virtude da temperança em que devemos buscar a contenção de nossas paixões.

É um tempo em que percebemos que o sobrenatural sujeita o natural, sendo que por meio de nossa vida natural retamente vivida podemos alcançar a plenitude da vida espiritual.