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domingo, 24 de janeiro de 2016

Sobre batismo e salvação I

Exposição no NUEC (Núcleo Universitário de Estudos Católicos) da UFMG em novembro de 2013.

Afirma-se com veemência no seio da Santa Madre Igreja que a Fé é conditio sina quae non para a salvação, como podemos ver a seguir. Mas e os que não tiverem acesso ao conteúdo da Revelação e aos sacramentos, especialmente o batismo, chamado por Santo Agostinho de “sacramento da fé”? Eles estariam condenados de antemão? A resposta a esta pergunta é não, como também vemos no trecho abaixo, e é justamente o intuito dessa exposição demonstrar o porquê dessa resposta.

136. Será o Batismo absolutamente necessário para a eterna salvação? O Batismo é de absoluta necessidade para os infantes, que o devem receber de fato. Assim sempre se fez na Igreja Católica, desde os tempos primitivos. Os adultos também devem batizar-se; mas, se não puderem receber o Batismo real e sacramentalmente, conseguem a justificação mediante a contrição perfeita, acompanhada do desejo de batizar-se, ou então mediante o sacrifício da própria vida pela fé em Jesus Cristo. (CR, Sumário Catequístico, p. 630)

Antes de darmos sequência à explicação sobre os casos em que as pessoas não tem acesso à fé revelada, cabe enfatizar a posição da Igreja em relação à Fé. A fé de acordo com a Tradição da Igreja é uma virtude sobrenatural ou em outros termos é uma virtude teologal que provém diretamente da Graça de Deus. Diferentemente das virtudes humanas que são “inatas” e aperfeiçoadas através do hábito, as virtudes teologais nascem da iniciativa divina e exigem a adesão do ser humano. Acerca da fé temos a seguinte definição da Igreja:

Nas Divinas Escrituras, o termo “fé” admite várias significações. Aqui vamos falar daquela virtude pela qual assentimos plenamente a tudo quanto nos foi revelado por Deus.
Ninguém terá justo motivo de duvidar que essa fé seja necessária para a salvação, mormente por estar escrito que “sem fé não é possível agradar a Deus” 1.
Realmente, o fim que se propõe ao homem para sua bem-aventurança, é tão elevado que o não poderia descobrir a agudeza do espírito humano. Era, pois, necessário que o homem recebesse de Deus tal conhecimento. (CR, 1ª parte, 1º Cap., § 1, p. 87)

Partindo das considerações já mencionadas destacamos a importância do Batismo o Sacramento que nos faz renascer como Filhos de Deus possibilitando que purificados pela água salutar do Batismo sejamos purificados do pecado e assim possamos adentrar dignamente a morada eterna. Isso ocorre não por nosso mérito, mas pela “Graça” por intermédio de nosso Salvador Jesus Cristo. O Catecismo afirma o seguinte, destacando a importância do Batismo:

É muito útil, para os fiéis, o conhecimento das verdades que até agora temos ensinado. Urge mais ainda explicar-lhes que Deus impôs a todos os homens uma lei, obrigando-os a receberem o Batismo. Por conseguinte, os que não renasceram para Deus pela graça do Batismo, são criados para a eterna miséria e condenação, quer sejam filhos de pais fiéis, quer de pais infiéis.
Devem, pois, os pastores explicar mais vezes aquela passagem do Evangelho: “Se alguém não renascer da água e Espírito [Santo], não pode entrar no reino de Deus” 2. (CR, 2ª parte, 2º Cap., § 30, p. 237)

O Batismo é tão importante para a salvação que a Igreja permite algo que pode soar estranho aos nossos ouvidos ou nos parecer inusitado. Vejamos que fato é esse:

Em caso de necessidade, até os judeus, os infiéis, e os hereges podem exercer este ministério, contanto que se proponham a fazer o que faz a Igreja Católica, quando confere o Batismo. (CR, 2ª parte, 2º Cap., § 23, p. 233)

Aqui já se começa a prefigurar em nossa exposição um ponto importante acerca dos mistérios da redenção: o fato de ser batizado não nos torna seres dotados de perfectibilidade, mas nos fornece elementos para resistir na luta e de outro lado nos confere uma enorme responsabilidade perante Deus e o mundo. Aquele que tem maior conhecimento tem maior culpa ou como diz o ditado bíblico: “a quem muito foi dado, muito será cobrado”.

Tal crime [o de crucificar a Cristo através do pecado – observação minha] assume em nós um caráter mais grave, do que no caso dos judeus; porquanto estes, no sentir do Apóstolo, “nunca teriam crucificado o Senhor da Glória, se [como tal] O tivessem conhecido”3. Nós, porém, que [de boca] afirmamos conhecê-lO, nem por isso deixamos, por assim dizer de levantar as mãos contra Ele, todas vezes que O negamos em nossas obras. (CR, 1 parte, 5º Cap., 4º art. § 11, p.129. Destaque meu)

Sabemos então que a Igreja, sendo católica, ou seja, universal não pode ser reduzida a limites regionais, culturais ou étnicos, como nos deixa claro Mons. Sanahuja quando em sua obra, “Cultura da Morte: o grande desafio da Igreja”, cita os documentos da Igreja produzidos no século XX reiterando esse princípio.
(Continua)
1 Hebr 11, 6
2 Jo 3, 5

3 1 Cor 2, 28

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Mensagem digitada na página do Facebook da CNBB

É com tristeza que classifico a Conferência dos Bispos do Brasil como "ruim", mas enquanto leigo católico que ama a Igreja, Mestra e Mãe devo fazê-lo. Apesar de triste faço isso com a consciência tranquila perante Deus de tal forma que no dia de meu julgamento o Senhor não me condene por omissão. Tenho visto a CNBB se manifestar com afinco acerca da Reforma Política (uma medida tapa-buracos), no entanto, não a tenho visto fazer o mesmo quando assuntos contrários à lei natural e à moral católica são colocados em pauta, p. ex., quando foi aprovado pelo STF o "casamentohomoafetivo". Mas o que mais escandaliza é o apoio implícito ou explícito que a conferência dá a grupos socialistas e comunistas, o que foi reiteradamente condenado por papas da Igreja. Não custa nada lembrar que Isso contraria plenamente o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sei da minha insignificância, das minhas fraquezas e dos meus pecados, sim eles existem e são pessoais, não sociais. Para finalizar como disse acima sou simplesmente um leigo, no entanto, sinto-me impelido a erguer a minha voz antes que as pedras façam isso por mim. "Ele respondeu: Digo-vos: se estes se calarem, clamarão as pedras!" (S. Lucas 19, 40). Sei do contexto dessas palavras, bem como do que Cristo diz depois delas, o que de fato está para acontecer.
Ad Maiorem Dei Gloriam!