Finalizando estas
reflexões retomo a passagem do, “Críton”, de Platão citada anteriormente.
Tentar demonstrar que se tem razão simplesmente por se ter muita gente a favor
de determinada ideia ou princípio não é um bom argumento nem nos conduz
necessariamente à verdade e a justiça. Pelo contrário se formos analisar
historicamente quando alguém ou algum grupo percebeu que poderia estimular a
multidão para que esta agisse de forma padronizada a certos estímulos levaram o
“povo” a condenar um filósofo da estirpe de Sócrates, a preferir Barrabás a
Cristo, entre tantos outros exemplos.
Não
quero dizer com isso que não se deve levar em consideração o que as pessoas
pensam, mas há que se ter cuidado com a justificativa de que a maioria sempre
tem razão ou que “a voz do povo é a voz de Deus”. Quem afirma coisas desse tipo
desconhece a noção de justiça.
Reconheço que há sim a
necessidade de que as pessoas se contraponham a um governo injusto, mas que não
façam disso um subterfúgio para implantar “justiçamentos” e espalhar pelo país
um rastro de destruição, que por mais que se repita na imprensa não é algo
advindo de vândalos infiltrados, pois é inerente ao processo revolucionário
utilizar de medidas radicais associadas a medidas aparentemente civilizadas,
para que vença de qualquer forma seja pela força ou pelo “processo democrático”.
Para terminar reitero
minhas críticas ao caráter das manifestações no Brasil que surgiram de
insatisfações apropriadas, mas que foram instrumentalizadas e careceram de
propostas palpáveis. Àqueles que gostariam de pesquisar e conhecer algum exemplo
de resistência justa menciono os cristeros
do México.