Terminei a primeira parte
dessa análise dizendo que não acredito que a série de manifestações pelo Brasil
seja algo espontâneo, apesar do fato de ninguém, grupo ou pessoa ter
reivindicado sua liderança. São diversas bandeiras, milhares de reinvindicações
e isso dificulta qualquer análise sistemática. O que dá a sensação de espontaneidade
a isso é o fato de que as insatisfações populares não são recentes e vêm se
acumulando há muito tempo com os reincidentes escândalos políticos que aparecem
no país. Apesar disso como já afirmei não se pode apontar que tudo isso ocorreu
naturalmente sem intervenção de grupos que há muito tempo em nome da democracia
visam na verdade implantar um programa autoritário com o intuito de cada vez
mais estender a ação estatal até que o Estado interfira nas mais básicas ações
da vida particular.
Boa parte dos manifestantes não tem a mínima
ideia de que mesmo ao levantar bandeiras com justas reivindicações, como a diminuição
dos gastos públicos, auxiliam o projeto que em longo prazo tem o objetivo
justamente de promover o contrário. Isso
acontece porque quem está preparado para colher os frutos, menos os amargos,
dessa “revolução popular” não são aqueles que representam a vontade do povo,
são o que tem uma agenda progressista que já está sendo posta em movimento há
muito tempo.
As reações governamentais
já começaram e o populismo está “correndo solto”. Com medo do que as multidões
vão dizer já articulam projetos no sentido contrário do bom senso que deve
prevalecer, pois as multidões não são confiáveis no sentido da promoção da
justiça como nos aponta o excepcional trecho transcrito abaixo.
“Sócrates- Logo, meu
excelente amigo, não é absolutamente com o que dirá de nós a multidão que nos
devemos preocupar, mas com o que dirá a autoridade em matéria de justiça e
injustiça, a única, a Verdade em si. Assim sendo, para começar, não apontas o
bom caminho quando nos prescreves que nos inquietemos com o pensamento da
multidão a respeito do justo, do belo, do bem e de seus contrários. A multidão,
no entanto, dirá alguém, é bem capaz de nos matar.”
Fonte: Platão. Critão (Críton) ou do Dever.