Conversando outro dia com
uma amiga começamos a falar de filosofia, assunto do qual dificilmente eu
escapo, e ela me disse algumas coisas que fazem parte do modo como ela vê o
mundo, mas que não é isolada, pois é eco de uma compreensão mais ampla
defendida por muitas outras pessoas. Tratávamos de religião e moral e ela
manifestou descrédito quanto às instituições, mas não em relação às crenças
pessoais de cada crente. Daí para dizer que cada um pensa de um jeito e tem uma
ideia diferente e temos que respeitar suas posições foi um pulo, quase um salto
de seis pra meia dúzia. Na hora balbuciei uma reação nada convincente, mas que
deveria ter a seguinte estrutura: essa ideia é insustentável. Se deixei a
desejar naquele momento pretendo ser mais claro neste texto. Então vamos então
aos motivos.
Cada ideia, pensamento e
principalmente crença tem uma prática subjacente, inclusive as ideias
científicas, que geram reações de entendimento ou não, de estupefação ou
indiferença, etc. Sabendo disso verificamos que concepções de mundo diferentes
geram hábitos e ações diversas, não poucas vezes contrárias e conflituosas umas
com as outras. Em muitos casos, que o diga a diplomacia brasileira, não tomar
posição é justamente tomar a pior posição possível devido à omissão o típico
“ficar em cima do muro”. Logo a opinião de que toda opinião tem o mesmo valor,
não deixa de ser opinião (cf. http://linobatista.blogspot.com/2011/05/impossibilidade-logica-do.html)
e enquanto tal autoafirmativa. Portanto dizer que não existem verdades
absolutas já é dizer uma verdade absoluta, então do ponto de vista lógico a
posição de minha amiga é insustentável e aqui cito Aristóteles: “[...] porque,
embora nos sejam caros, a piedade exige que honremos a verdade acima de nossos
amigos.” (Ética a Nicômaco. 1096a). E olhe que Aristóteles foi o grande
discípulo de Platão.
É uma questão que merece
outra postagem...
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