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terça-feira, 15 de novembro de 2016

A derrocada da imprensa

A eleição de Donald Trump pode parecer a muitos uma grandiosíssima surpresa principalmente se a principal fonte de informações do surpreso em questão for a mídia brasileira representada pela nada imparcial e honesta Rede Globo. A cobertura dela faria corar de vergonha o mais ferrenho marketeiro do partido democrata ou encabular o mais entusiasmado ativista pró-Hillary. Algo parecido aconteceu no já remoto ano de 2005 quando houve o referendo do desarmamento e mais recentemente quanto à saída da Grã-Bretanha da União Europeia por intermédio também de um referendo, o famoso Brexit. Mas o que afinal de contas esses casos têm a ver um com o outro?
Respondo. Em todos eles a grande mídia deixou de lado sua principal tarefa, a saber, informar. Houve uma nítida inversão na qual a descrição dos fatos deu lugar à transformação engajada dos mesmos, de tal forma que os fatos deveriam se adequar ao discurso e não o contrário. Essa postura tão comum tem por base a ideia de que não há fatos a serem descritos, mas perspectivas a serem narradas. A tentativa árdua, mas necessária, de buscar a isenção por parte do repórter foi abandonada, pois afinal não existe a verdade, mas verdades manipuláveis conforme o desejo de quem as publica. Ficou claro nesse processo da eleição americana, principalmente por parte de quem acompanhou pela mídia brasileira, que a imprensa noticiava não o que estava vendo e ouvindo, mas tão somente o que queria ver e ouvir.
Enquanto o nosso jornalismo continuar a proceder dessa forma permanecerá errando feio em todas suas previsões que surgem num processo evidente de desinformação intencional ou não. Afinal nem tudo é (des)contruível e fatos existem. Se os jornalistas não aprenderam isso ainda a realidade continuará dando suas lições ou ocorrerá o que previa Joseph Pulitzer: “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.