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terça-feira, 12 de setembro de 2017

Arte ou crime?

 O novo gestor de cultura da prefeitura de Belo Horizonte, Juca Ferreira, postou ontem texto criticando o encerramento da exposição Queermuseu em Porto Alegre. Com a naturalidade dos sonsos, nosso futuro secretário inverte o jogo e mostra o compromisso dos “bens pensantes” intelectuais brasileiros em falsear a realidade em nome de uma suposta liberdade de expressão. Antes de precisar essa falha, que parece mais um ato de má-fé ou desonestidade intelectual, é necessário deixar muito claro que o problema central da exposição não é relativo à censura ou à liberdade de expressão, mas sim a prática de um crime previsto em lei. Trata-se clara e simplesmente de obras de “arte” que ferem a Constituição e o Código Penal, pois promovem vilipêndio a objetos de culto, ou seja, promovem o ultraje, a zombaria proposital e agressiva à fé. Não se trata no caso de “releituras” desses objetos, mas de um escárnio objetivamente verificável. Sabendo disso podemos afirmar que o argumento de Juca Ferreira e de outros que interpretam a exposição como o suprassumo da liberdade, são apenas subterfúgios ou eufemismos baratos.
Para não dizerem que fujo do texto publicado pelo escolhido de Kalil passo a considerações sobre o que ele afirmou recorrendo à garantia legal de que goza o artista de praticar sua arte com liberdade. O que ele se esquece é que tal direito não é absoluto e que a negação legal da censura é referida à censura prévia, tratando o texto da lei de um sentido estrito do termo censura e não da utilização ampla que se faz dele no cotidiano. Para quem é da área, como ele, tudo isso deveria ser de uma obviedade gritante, mas as ideias semi-prontas e a sucessão de jargões em seu discurso esclarecem porque o óbvio lhe “passou batido”. Simplificando, quase ao ponto de desenhar, podemos dizer ao sr. Juca Ferreira que o meu direito à liberdade traz consigo a responsabilidade de arcar com as consequências do que faço com ela. Crianças pequenas, com menos idade e mais sabedoria, reconhecem isso quando, por exemplo, machucam outras crianças e são advertidas. Sabem que não podem utilizar de sua liberdade como bem entendam com o risco de a perderem, com justiça, diga-se de passagem. O psicólogo Lawrence Kohlberg diria se tratar do primeiro nível de desenvolvimento moral, o nível pré-convencional que parece não ter sido atingido pelo sr. Juca Ferreira se levarmos em consideração, a pseudo-argumentação em seu texto. Suas palavras então devem ser vistas como uma mera reação ideológica ao que convencionou chamar de “ecos do golpe de 1964” do que a expressão autêntica de quem se indigna com uma injustiça.
Ainda sobre a suposta censura cabe deixar claro que cabia ao Santander Cultural manter ou não a exposição, pois tinha autonomia para isso. Afinal se trata de uma exposição patrocinada por uma instituição privada, ainda que que utilizando recursos de dedução fiscal. Dessa forma, não houve nenhum “ferimento” à Constituição, mas apenas a resposta tardia, é importante dizer, de uma empresa que estava perdendo mercado e que via com medo tanto a enorme perda de clientes quanto a justa punição legal.

Por último, mas não menos importante é preciso combater a pretensão que ele exteriorizou de trazer a exposição a Belo Horizonte. Nesse sentido, devemos pressionar o prefeito Alexandre Kalil e seu partido PHS para que deixem claro à população se irão compactuar com essa atividade criminosa travestida de arte.

domingo, 10 de setembro de 2017

Pensamento avulso XXVII

A arte contemporânea é uma “não arte”, assim como a maior parte da filosofia contemporânea é uma “não filosofia”. Ambas, arte e filosofia, perderam aquilo que as definia e orientava, a saber, a noção de ordem e consequentemente a de beleza.