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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Carta a aluna

Há uns três ou quatro anos uma aluna me procurou, pois estava confusa. As crenças religiosas que possuía estariam em choque com o que estava aprendendo em seus estudos, principalmente de ciências. Sua dúvida envolvia sobremaneira as teorias do Big Bang e da evolução. A fim de a auxiliar escrevi esta carta que compartilho no blog:

Cara aluna …….,

Sinto-me muito satisfeito em comentar o texto que você me entregou. Realmente o assunto é bastante polêmico, muito pela má fé de alguns cientistas e também religiosos que não colocam o problema da maneira correta. Muitos dos debates que se realizam são péssimos, pois os debatedores esquecem que fé e razão não são componentes opostos do ser humano, mas sim complementares. Outro aspecto que geralmente desqualifica esse tipo de debate é colocar religião e ciência no mesmo patamar. Cada um tem uma origem e uma função diversa e os relatos de cada um visam um fim próximo ou objetivo diferente sendo que para os crentes (aqueles que creem) o fim último é o mesmo: “aproximar-se de Deus”.
Quanto às ressalvas e críticas que você tem ao big bang espero ter respondido satisfatoriamente nas aulas, mas reitero o seguinte: o big bang é uma teoria científica e enquanto tal pode ou não estar certa. Do ponto de vista religioso ela não contradiz o relato bíblico da criação, mas tem que se ter cuidado ao utilizá-la para defender o relato religioso, porque como eu já disse, ela é uma teoria que pode ser revista no futuro. Deixo abaixo um trecho no qual um cientista agnóstico (que não afirma ou nega a existência de Deus) diz que a teoria do big bang reforça o relato bíblico.
Quanto ao evolucionismo tenho que dizer que partilho algumas de suas críticas, mas por ser também uma teoria científica cabe ao evolucionismo as mesmas observações que fiz em relação ao big bang. O problema do evolucionismo é que ele tem se modificado bastante com o decorrer do tempo, por isso, ele já não é o mesmo desde Darwin. Biólogos sérios têm inclusive criticado a teoria evolucionista de Darwin o que não impede que se fale de “evolucionismo” em um outro sentido.
O que quis afirmar com isso é que a fé para os crentes tem primazia o que não quer dizer que a razão não deva ter seu lugar, afinal ela também foi dada por Deus aos seres humanos. Os que não acreditam na revelação cristã muitas vezes apostam somente na razão, mas muitos desses se esquecem que a própria razão é limitada e suas conquistas nunca vão suplantar ou eliminar o que cabe somente à fé. O que cabe a nós como estudiosos é perceber justamente os limites que nos cercam. Muitos, tanto entre os crentes quanto entre os não crentes esquecem-se disso e acabam tentando ocupar o lugar de Deus dizendo-se donos da verdade. O ideal seria que cada um se limitasse ao seu domínio e buscasse com sabedoria compreender o domínio que não é seu para evitar equívocos sempre prejudiciais a todos.
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São tão grandes as evidências que corroboram a Teoria do Big Bang que Jostrow, um cientista auto-proclamado agnóstico, diz em seu livro God and the Astronomers (Deus e os Astrônomos): “Vemos agora que as evidências astronômicas apontam para a visão bíblica da origem do mundo. Os detalhes diferem, mas os elementos essenciais nas descrições astronômicas e bíblicas são os mesmos: uma seqüência de eventos que terminam no homem começou repentinamente num momento definido no tempo, numa explosão de luz e energia.”

Blogs interessantes para você ler:
http://www.aceprensa.pt/articulos/2010/oct/17/liberdade-de-pensamento-de-georges-lematre/

http://georgeslemaitre.blogspot.com.br/

Pensamento avulso XXI

A sucessão apostólica direta e ininterrupta manifesta na Tradição e no Magistério garantem que o Evangelho transmitido pelas Escrituras não seja visto como um mero conglomerado de metáforas ou que ao contrário ele não faça uso delas e de outras figuras. Imagine um mundo de mutilados e entenderás, mas se queres realmente compreender pense no “amarás o teu próximo como a ti mesmo” como uma simples força de expressão.