Pesquisar este blog

domingo, 21 de outubro de 2012

Progresso?


Quando recebemos no Brasil notícias como a da aprovação da lei que descriminaliza o aborto (que ocorreu na última semana no Uruguai), várias pessoas e entidades celebram o “progresso civilizatório” de tais nações acusando o Brasil e outros países não “progressistas” de obscurantismo. Assume-se geralmente sem nenhuma análise crítica a ideia de progresso, sem questionamento, sem cautela. Progresso significa então a aceitação de ideias novas, vanguardistas, et cetera, et cetera, pelo simples fato de serem novas e/ou supostamente valorizarem a liberdade humana?
Parece-me que a resposta à questão acima tem sido sim, o que deveria nos preocupar sobremaneira, afinal essa antiga tendência às novidades progressistas gerou grandes “avanços” no decorrer do século XX como, por exemplo, a “limpeza” promovida pelo nacional-socialismo (nazismo) e o extermínio de milhares de ucranianos pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Antes disso, também um sinal do progresso humanista, foi a guilhotina da revolução francesa. O que não se consegue perceber entre o grande público, talvez pela pusilanimidade dos formadores de opinião, é que o progresso por si só não se justifica. O encadeamento lógico e natural dos eventos nos demonstra que todo progresso visa um fim e o fim do progresso ininterrupto não é discutido.
Quando se fala de progresso meramente técnico os problemas são menores, mas quando tal ideia é aplicada a questões morais a discussão se torna mais complexa. Dessa forma uma defesa irrefletida do progresso em detrimento de valores que sustentam nossa cultura é bastante questionável e o fato de se aceitar ideias progressistas sem considerar a dimensão cristã já milenar em nossa cultura não indica de modo algum evolução, a não ser que se tome a barbárie por sinônimo de evolução. Nesse caso seria preferível não evoluir. Para esclarecer melhor as consequências da defesa de um progressismo façamos a análise a seguir.
Muitos dos defensores do progresso pelo progresso admitem, alguns com ressalvas, a importância que a civilização cristã teve no processo de valorização da dignidade da pessoa humana independentemente de sua posição social. Um dos sustentáculos desta cultura certamente é a família cristã que estrutura com a transmissão de seus valores a ideia de que todo ser humano possui dignidade na medida em que todos são chamados à conversão e ao perdão. Acontece que a família cristã que permite com sua vivência que todos sejam tratados dignamente pela sociedade é uma das instituições mais atacadas pelos progressistas que promovem, inclusive legalmente (veja o caso que inicia esta postagem), a destruição de tal instituição.
Assim os progressistas ferem justamente um dos pilares que garantem a sua liberdade e dignidade. Com isso dão-se um tiro no pé ou como diz o ditado “cospem no prato que comem”. Criticam o modelo que erigiu a sociedade que os permite sobreviver “culturalmente” e pretendem colocar no lugar sob as insígnias do progresso uma sociedade que desvaloriza a vida, a liberdade e a dignidade condenando inocentes a priori, provendo a derrocada dos valores que sustentam nossa sociedade. Repreendendo toda moralidade surgem figuras com ar de superioridade que se consideram evoluídos, abertos ao mundo, esclarecidos, como se não estivessem eles próprio arrogando a si mesmos a tarefa de instituir uma moralidade da mesma forma que aqueles que eles recriminam.
Ó quanta coerência!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário