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sábado, 19 de janeiro de 2019

Uma questão de prioridade


Outro dia eu estava dirigindo e de repente o trânsito travou. Um carro havia parado em local proibido para que alguns passageiros pudessem descer. Em meio à bagunça momentânea que se instalou, já que a região é movimentada, um carro de polícia passou na outra pista e o policial que dirigia decidiu multar o carro parado. Até aí tudo bem já que faz parte de sua função, no entanto, ele estava dirigindo e por pouco não bateu o carro.
É impressionante como o brasileiro médio tem perdido o bom senso e a noção de prioridade, o bom e velho senso comum em coisas tão banais, a capacidade racional de avaliar uma situação concreta, a phrónesis (sabedoria prática) como diria Aristóteles. Esse pensamento de cumprir uma regra a qualquer custo, no caso a de multar, sem analisar se há outra regra superior, no caso preservar a vida de quem estava na via impossibilita o alcance da virtude que segundo Aristóteles trata-se de encontrar um meio termo entre dois vícios. Isso de modo resumido poderíamos dizer é justamente a capacidade de analisar em situações reais como agir de modo a evitar a ocorrência dos extremos.
Esse caso prosaico é indicativo como outros da perda do sentido de proporcionalidade e prioridade que é vista na mais comum das pessoas em sociedades civilizadas. Adquirir e retomar essa noção moral tão básica é em certo sentido uma das mais urgentes necessidades de nosso país.

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