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sexta-feira, 3 de abril de 2020

Questões filosóficas em quarentena - parte 1 e 2

Vários problemas filosóficos vêm à tona em períodos como o que vivemos. Vou em algumas postagens elencar alguns desses problemas. A numeração é meramente didática e não indica uma ordem de prioridade entre eles.


1) A ciência por mais avançada formal e materialmente que seja mantém um grau de probabilidade e incerteza. Isso decorre de seu próprio método em que o recorte da realidade se faz necessário. Isso gerou tal especialização que não raramente os cientistas se tornam incapazes sequer de posicionar seu objeto de estudo num quadro mais amplo, onde seu objeto é apenas mais um numa gama de outros objetos e fatores que não poucas vezes afeta seu próprio objeto. Na prática o cientista perde a sensibilidade para estabelecer conexão entre fenômenos que escapam ao seu método e ao seu recorte. Isso quando não se torna ignorante ao que não seja "científico" de acordo com seus pressupostos.


2) Diz-se que Maquiavel inaugurou uma nova forma de ver e fazer política. Acredito que o mais correto seja dizer que ele percebeu um movimento que estava acontecendo e lhe deu um acabamento teórico. Desde então, infelizmente, duas coisas se tornaram moda: de um lado separar a dimensão ética da dimensão política e aí vem a questão: caso não exerça as virtudes cardeais em sua vida privada como pode o político levar o povo a pratica-las. Diria uns que isso não cabe à política, mas aqui me volto à Aristóteles e a ciência política como ciência arquitetônica do bem comum. De outro lado, a noção de que o temor supera o amor também prevaleceu, mas se a fórmula permanece, novas formas sofisticadas e atuais de medo superam as antigas, não mais prisões políticas, campos de concentração como os gulags. No lugar quem sabe um terror cibernético ou... bem no fim das contas algum poderoso pode voltar às formas antigas de terror.

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