A pergunta que intitula nosso texto é das mais comuns quando
alguém, principalmente estudante, depara-se pela primeira vez com a matéria.
Diferentemente das demais disciplinas escolares em que o objeto de estudo é bem
determinado e específico, a Filosofia tem uma amplitude investigativa mais
extensa. Isso significa que a Filosofia é uma disciplina que tem aspiração à
universalidade, enquanto as outras disciplinas são particulares, ou seja, a
Filosofia tenta enxergar o todo dando-lhe uma unidade cognoscível[1], enquanto as ciências buscam analisar ou compreender objetos
específicos.
Para compreender essa relação podemos fazer uma analogia com
o jogo de xadrez. Enquanto as ciências como a Física e a História, por exemplo, focariam em peças específicas como um peão ou uma torre, a Filosofia veria o
tabuleiro como um todo relacionando as peças entre si.
Com as considerações acima temos um esboço da resposta ao
que é Filosofia, a saber, um conhecimento sobre a totalidade ou conjunto dos
próprios conhecimentos adquiridos. Ao longo de sua história, a Filosofia teve
alterações em sua abordagem, mas essa busca parece ser sua sina. Além dessa
busca a definição clássica, ou seja, desenvolvida entre os filósofos gregos
Antigos como Platão e Aristóteles, passando pelos pré-socráticos e helenistas,
tinha por base o uso da razão natural
como instrumento de entendimento da realidade em sua totalidade. Eis então o
substrato ou essência da filosofia clássica que se manteve durante séculos como
paradigma da filosofia como podemos observar no trecho abaixo:
“A filosofia é um conjunto de conhecimentos naturais metodicamente
adquiridos e ordenados, que tende a fornecer a explicação fundamental de todas
as coisas.” (RAEYMAEKER, 1969, p.
36)
Podemos verifica que Raeymaeker destaca, como dissemos acima, os termos “conhecimentos” e “todas as coisas” que representam a racionalidade e
universalidade próprias do saber filosófico. Entretanto, podemos perceber
outras duas dimensões fundamentais da filosofia clássica que ainda hoje serve
de bússola aos filósofos contemporâneos, a saber, a ordem e o caráter natural do empreendimento filosófico. O primeiro
indica que há uma organização e métodos no “trabalho” do filósofo que procede
ordenadamente, supondo também uma ordem na realidade. Já o segundo ponto indica
que a filosofia se limita ao conhecimento natural não recorrendo a elementos
sobrenaturais em suas investigações, ainda que muitos filósofos reconheçam e
pressupunham uma realidade sobrenatural.
Referência bibliográfica:
RAEYMAEKER, Luís de. Introdução à Filosofia. 2. ed. tradução. Alexandre Correia. São
Paulo: Herder, 1969.
[1] Que
pode ser conhecida.
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