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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Sobre Razão e Fé


A questão que proponho é a seguinte: a “razão abrange toda a atividade espiritual do ser humano”? Há que se distinguir aqui o termo abrange: se ele é analítico, ou seja, se a razão analisa toda a atividade espiritual do ser humano, inclusive ela própria, ou se ele é constitutivo, logo, se a razão encerra nela mesma toda a dimensão espiritual do homem. No primeiro sentido a razão enquanto atividade da inteligência estaria corretamente situada já que a sinergia do Espírito (inteligência e vontade) estaria mantida. O segundo sentido, caso seja o próprio, estaria equivocado, pois a Inteligênica (razão) não estrutura a Vontade, ou melhor, a Vontade não emerge da razão[1], mas juntamente à Inteligência compõe o Espírito.
Outra questão, surge de uma possível confusão que pode causar a benção introdutória da encíclica “Fides et Ratio” do papa João Paulo II. Ela coloca numa metáfora fé e razão como “duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”. Entretanto sabemos pela Tradição e pelas filosofia e teologia cristãs católicas que a fé tem a primazia e complementa a insuficiência da nossa razão. Pela metáfora das asas parecem que ambas contribuem de igual maneira para se alcançar a Verdade que é o próprio Cristo: “Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” Jo 14,6.
Chegamos então ao seguinte quadro: a fé ilumina, a inteligência acolhe e a vontade impulsiona. A fé (credo) se caracteriza segundo o “Catecismo Romano” do Concílio Tridentino da seguinte forma:

“Neste lugar, a palavra ‘Creio’ não tem a significação de ‘pensar’, ‘dar opinião’. [...] Crer é ter uma profunda convicção em seu íntimo. As verdades de fé devem ser aceitas com firmeza pela inteligência.” p. 90. (Edição Brasileira, Ed. Vozes, 1951.).

Lino Batista
Obs.: Esse texto surge de discussões realizadas num curso que estou fazendo e versa sobre a “racionalidade da fé”.


[1] Razão = manifestação da Inteligência.

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