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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O poder do marketing


Costumo dizer que os publicitários brasileiros são muito criativos e muitas vezes é mais interessante assistir às propagandas do que aos próprios programas. Mas nem sempre toda essa criatividade manifesta ideais nobres voltando-se somente a apologia de um consumismo sem limites e sem escrúpulos. A competição nem sempre é leal e o poder de persuasão exercido por argumentos fortes pode trazer prejuízos a pessoas que não conseguem discernir o que é útil e proveitoso do que não é.
Sendo mais pontual decidi fazer uma análise comparativa entre dois comerciais promovidos por empresas do ramo automobilístico. O primeiro é a de um cachorro simpático que começa a falar por estar no carro, que possibilitou que ele tivesse um assunto pra falar (http://www.youtube.com/watch?v=fG07zf5ONRQ&feature=related). O outro é a de um homem sem gasolina que consegue carona num carro bonito e potente e percebe que ele é bem melhor do que o carro que ele tem. Ao voltar ele simplesmente utiliza a gasolina para explodir o seu carro (http://www.youtube.com/watch?v=1Pqt-YEYpS4). Mais do que analisar tecnicamente as propagandas, por exemplo, a posição de câmeras, a linguagem, fotografia, sonoplastia, etc. a ideia é analisar as concepções mercadológicas por detrás do próprio comercial. O sentimento de desdém com carros que não sejam o da marca visada na segunda propaganda é gritante. Numa época na qual se valoriza o consumo exacerbado, comerciais desse tipo figuram como sintomas e proliferadores de uma visão de mundo especifica: a mercadológica. O primeiro comercial apesar de também ter forte apelo não é tão violento, pelo contrário é bem sutil. Este demonstra sagacidade e auto valorização, aquele demonstra a que ponto chegamos quando o assunto é consumo e venda de produtos.
Ponderar as estratégias de marketing nos permite tanto verificar o que correntemente se propõe como valor, tomando aqui o sentido mais amplo do termo valor, como também permite analisar o que se projeta como valor no futuro. Reproduz como no segundo exemplo a ideia de que vale a pena prescindir do que conquistamos para adquirir novidades não importa com que radicalidade. Não está em jogo somente um carro que seja ou não descartável, pois inclusive nossas relações afetivas também se tornam descartáveis, se alguém me desagrada eu descarto essa pessoa da minha vida, mas em contrapartida eu não vejo que também eu posso ser a pessoas que desagrada alguém. O marketing não pode ser pensado despretensiosamente mesmo porque ele não está isolado do mundo, mas é por ele criado e nele se constrói.
Continua... 

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