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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Pensamento avulso XII

Deparo-me com a notícia de que foram presos chefes de uma quadrilha “especializada” no crime popularmente conhecido como “saidinha de banco” (para mais informações clique aqui). Leio a notícia e fico a pensar na famosa tese sociológica de que o crime se origina num cenário social desfavorável ao criminoso que impossibilitado de prover o seu sustento de forma honesta é obrigado a recorrer a atividades ilícitas, criminosas. Acontece que os criminosos em questão não se enquadram nesse perfil de maneira alguma, são todos bem nutridos e utilizam o dinheiro não para sobreviverem para bem viverem, de forma luxuosa.
Evidentemente devo excluir então a hipótese de que a saidinha de banco seja um “crime de fome”. Mas, ainda há a tentação, que está por detrás da tese acima apontada, em continuar se analisando o crime como resultante unicamente de processos sociais discriminatórios nos quais a maior culpa sempre é da sociedade ou a culpa inteira. Utiliza-se então todo tipo de subterfúgios, de justificativas escorregadias para manter o núcleo dessa argumentação sociológica. Daí surge teóricos e especialistas para afirmarem que os padrões analíticos da tese de que a sociedade é culpada pelo crime permanecem. A tese então se desdobra da seguinte forma: a sociedade impõe modelos de consumo através da valorização propagandística de pessoas afortunadas em detrimento daqueles que não conseguem se estabelecer como consumidores quantitativamente relevantes. Então, aqueles que não se enquadram nesse perfil buscam a todo custo ascender social e economicamente mesmo que seja através do crime. Isso não é culpa direta dessas pessoas, mas da “sociedade” que os instiga.
 Tal argumentação é extremamente equivocada e fragmentária afinal considera o homem somente a partir de critérios materialistas como se este fosse uma caixa preta na qual certos estímulos produzem respostas bem definidas. Um equívoco claro é culpar a “sociedade” pelos crimes, afinal se tomamos uma sociedade tão heterogênea quanto a atual vemos que o fato de se culpar a sociedade pelo crime estendendo tal culpa a todos, inclusive a quem discorda do padrão consumista, chega a ser uma desonestidade intelectual.
Estendi-me demais nessa que era para ser apenas uma breve postagem. O objetivo era o de demonstrar sucintamente utilizando um exemplo claro que não se deve atribuir a todos membros da sociedade a culpa por todos os crimes, pois pode se chegar a tamanho absurdo de se dizer que a dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza que foi queimada por possuir apenas trinta reais em sua conta bancária era culpada, ainda que simbolicamente, pelo atentado criminoso que sofreu e culminou em sua morte.


(Certamente tudo isso será tema de outras postagens).

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