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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sobre Economia e Ética: abordagem inicial


 Mais uma crise econômica mundial foi deflagrada, desta vez  no início do mês passado e presidentes, ministros e economistas concederam entrevistas tentando acalmar os ânimos ou propor soluções mais ou menos radicais. Nesses discursos percebe-se claramente a preocupação com impactos econômicos de uma crise, a menção esporádica e secundária de seu impacto social e o quase nulo referimento às implicações éticas de uma crise global. Quando nos deparamos com os diversos depoimentos verificamos que a economia ou as relações econômicas são determinantes para todas as escolhas, cortes de gastos – ainda que em serviços essenciais – medidas para se preservar o mercado, o crescimento e o lucro. O horizonte máximo de perspectiva é dado não pela bondade ou ordenamento dos atos tendo em vista o bem ou algo que lhe equivalha, mas tão somente a “saúde” do mercado.
O mercado é “antropomorfizado” através de adjetivos como nervoso, calmo, satisfeito e ele assume o estatuto de uma espécie de entidade à qual devemos nossas vidas. Qualquer semelhança com os antigos deuses não é mera coincidência. Põe-se em relevo também a questão valorativa: estaria a economia a serviço do homem? O que se verifica nas repercussões sobre a crise é a de justamente se recuperar dela e retornar a crescer. O que não se explicita é o crescer para onde e para quê. Alguns dizem que com o crescimento econômico e tecnocientífico as pessoas terão mais acesso a suas benesses e suas vidas melhorarão. Entretanto, os fatos não confirmam esta tese, afinal milhões de pessoas ainda morrem sem o acesso a serviços básicos e a disparidade entre ricos e pobres se eleva.
Ora, diz-se que a economia está a serviço da humanidade – os governantes geralmente – mas a prática é outra, as ações não acompanham os discursos. O sistema financeiro é o centro das ações políticas e a personificação do mercado é retrato mais evidente disso, levam-se em consideração assim suas “emoções” nem sempre explicadas ou explicáveis. Uma das "explicações" possíveis seria a de que a economia associada à tecnociência se configura como único espaço possível de objetividade, mas ausenta-se princípios normativos claros para orientá-la.   

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